Certa ocasião, lá pros lados de Cajuru, em determinada festa de casamento, Chico Louco enfrentou diversas pessoas no desafio de viola. Um após outro foram perdendo espaço na cantoria, e saindo fora, mas uma moça, muito bonita, foi se agüentando, cumprindo o ritual de responder os versos do cantador. No fim só ela fazia frente aos versos dele. Lá pelas tantas, já tarde da noite, Chico experimentou:
- Fui no campo panhá flor/ Panhei a flor de amora
- Já mandei gravar seu nome/ No braço da minha viola
A resposta da moça foi mais que ousada:
- Cantador dessa toada/ Canta verso bem trovado
- Um sentimento que eu tenho/ Ele ser um homem casado.
Aí o medo tomou conta do poeta, sujeito casado, pai de família, sem disposição pra aventuras. O remédio foi arrematar:
- Louvado seja meu Deus/ Já cheguei no meu lugar/
- Peço licença pra todos/ Que a viola vai parar
Foi o sinal para todos os santarrosenses se aboletarem na carroceria do caminhão que fez poeira no rumo de casa...
*Romeu Antunes é jornalista e escritor, autor do livro Histórias de Santa Rosa de Viterbo.
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