A "Fazendinha"




Nascido em Cajuru, veio para a Fazendinha com os pais, ainda criança. Fazendinha era uma colônia da fazenda Amália, do então poderoso conde Matarazzo, município de Santa Rosa de Viterbo, região de Ribeirão Preto, onde o interior virou um mar de cana por todos os lados.
Fez o grupo escolar até o segundo ano. Com oito, foi amarrar cana para ajudar o pai, deixou a escola. Aí, passou a ajudar mais, “trabalho de escravo, tinha que pegar aqueles feixe de cana dos carros de boi e colocar nos vagão, aquela pilha de cana que não acabava mais”. Mais crescido, aprendeu a carrear e se tornou carreiro, por volta dos 18 anos. Com vinte e um anos se casou e dois anos depois, se separou. O seu tempo de carreiro é retratado na música Fazendinha.

“Boiada, triste boiada, do tempo que fui carrêro.
Morava na Fazendinha junto com meus companhêro.
Alguns já foram se embora e outros até já morrêro.
Hoje só resta saudade, ôsente( ausente) dos companhêro.

Levantava de madrugada, trabaiava memo, o dia inteiro...
Chegava em casa de noite e as galinha estava no pulêro.
Isso passou muitos anos, trabaiava mesmo, o mês inteiro.
Hoje só resta nas costa mais de setenta janeiros.

E quando terminava a safra renuía meus companhêro.
Para fazer serenata cantava inté no terrêro.
Acordando a namorada, quem foi meu amor primêro.
Lá não existe mais nada, tudo isso desapareceu.

Adonde morava meus pais as casa fôro derrubada.
O mato até já cresceu só escuto o zoar das mamangaba
E os passarim foi-se embora, só tem a sombra do passado.
Pra contar pra juventude que eu trago nos peito guardado”.

Ouça uma gravação inédita do Chico Louco cantando Fazendinha, gravada num bar de esquina de Santa Rosa de Viterbo em setembro de 2000.


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